O setor farmacêutico está sujeito a cobranças como todos os demais, porém, muito mais pesadas…
A transparência nas relações entre os agentes de uma comunidade é uma forte garantia na manutenção da ética.
Com uma frequência cada vez maior são divulgados artigos, estudos e teses sobre ética. Além disso, a comunidade é mais e mais intolerante com desvios praticados em ambientes públicos ou privados.
O que nos leva à pergunta: somos mais éticos hoje do que éramos no passado? Provavelmente não. A diferença pode estar na velocidade e no poder dos meios de comunicações atuais. A Imprensa, por motivos válidos ou não, tem contribuído de maneira decisiva para uma maior transparência, tanto no âmbito público quanto no privado.
Com isso, a comunidade cobra com muito mais força um comportamento ético dos governantes. As baterias são concentradas nas ações ou omissões dos representantes dos três poderes e nas consequências dessas ações para a comunidade.
Na área governamental, o elemento mais exposto em relação a desvios éticos é a Corrupção, que tem um custo adicional a qualquer projeto. Todos pagamos este custo.
Como declarou o empresário Antonio Ermírio de Moraes, “a corrupção é uma praga que não se elimina. No máximo, podemos mantê-la sob controle, à custa de muito esforço”.
Com o crescimento das corporações, algumas atingindo níveis gigantescos e atuação mundial, rapidamente a sociedade passou a dar maior importância ao comportamento do setor privado. Além disso, escândalos financeiros e problemas legais tornaram a cobrança de uma postura ética e transparente uma constante junto ao setor privado.
O mercado farmacêutico, como parte integrante do sistema de saúde, está sujeito a essa cobrança assim como todos os demais. Na realidade, as pressões sobre o segmento tendem a ser mais pesadas. Isso se justifica pela sua importância e pelo impacto que seus produtos podem representar na vida dos consumidores.
Motivações genuínas ou mesmo demagógicas exercem uma grande pressão sobre o segmento. Códigos de Ética (voluntários ou impostos), regulamentos estatais, acirrada competição, entre outros fatores têm contribuído para configurar um comportamento ético das empresas farmacêuticas.
No Brasil, apesar do esforço e determinação de algumas empresas e, principalmente, de alguns de seus dirigentes e colaboradores, ainda podemos observar no dia-a-dia atitudes que demonstram estarmos longe de um comportamento satisfatório.
O setor não é o melhor nem o pior da comunidade econômica. Devido as suas características intrínsecas talvez o comportamento de seus agentes é visto com olhos mais críticos. O que, certamente, reflete o comportamento médio dos demais segmentos no Brasil.
Mas do ponto de vista prático quais seriam ‘os pecados éticos’ do setor?
Na comunidade de negócios existe a forte crença de que existem três ‘irmãs siamesas’: Falsificação, Sonegação e Roubo. Onde existe uma, as outras logo dão o ar da graça.
Podemos começar pela mais odiosa de todas: Falsificação.
Diferentemente de um tênis de marca famosa falsificado, situação em que o único prejuízo é monetário, um remédio falso teria fatalmente implicações sérias para a vida de uma ou mais pessoas. Não só por violar direitos de seus proprietários, mas, acima de tudo, por colocar em risco vidas humanas. Casos recentes de falsificações no Brasil, com óbitos de usuários, demonstram porque a classificamos como odiosa. Nenhuma concessão se faz quando está em jogo a vida de seres humanos.
O segundo componente: Sonegação.
Além de proporcionar uma concorrência desleal, retira recursos de programas governamentais que são de grande importância para a comunidade, principalmente para as pessoas de menor poder aquisitivo. A conhecida ‘Lei de Gerson’, que impera nesses casos, constitui-se em uma verdadeira afronta aos valores éticos. A ‘vantagem’
Este artigo foi escrito por:
Gabriel Tannus escreveu 7 artigos em Ramadinha & Cia Treinamento.
Durante os últimos 45 anos trabalhou como Presidente, Diretor e Gerente em indústrias farmacêuticas, nacionais e multinacionais, no mercado ético, OTC e hospitalar, no Brasil e na América Latina. Trabalhou para as empresas: Astra, Johnson & Johnson, Bristol Myers, Pfizer, Merrell Lepetit (Dow), Ciba (Novartis) e Farmasa. Foi Presidente e Vice Presidente das entidades de classe do setor: Abifarma, Sindusfarma e Interfarma. Foi membro do Conselho da IFPMA (Genebra) e atualmente integra o Comsaude da FIESP.
É fundador e Vice Presidente da Pharmalatina Consulting, especializada em consultoria de gestão no setor de Saúde.
Tem formação acadêmica em Ciências Econômicas, com especialização em Marketing na Harvard Business School (Boston – USA) e Management pelo IMD (Lauzane – Suíça).
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