O remédio mais caro do mundo

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Em média, de cada dez medicamentos lançados no mercado, apenas três cobrem seus custos.

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Antes de falarmos em preço de medicamento, é preciso primeiro explicar o quanto é longo, caro e arriscado se inventar uma nova droga. Além de um grande número de profissionais altamente capacitados, necessita-se de um altíssimo investimento, sem nenhuma garantia de retorno. Por isso, poucos se arriscam.

Esses profissionais, renomados cientistas oriundos das principais universidades do mundo, são contratados pela indústria farmacêutica de pesquisa para trabalhar por cerca de dez a 12 anos no desenvolvimento de um novo produto. Eles começam a pesquisa, com mais ou menos dez mil moléculas, sabendo que no final desse período apenas uma poderá vir a ser uma nova droga. Digo poderá, pois nem sempre um estudo chega a um resultado positivo.

O trabalho desses profissionais consiste na utilização dos mais modernos campos da ciência e da tecnologia, como genoma, bio-informática, DNA etc., para buscar entre os diferentes genes de uma célula sã e de outra doente a estrutura do funcionamento da proteína dentro do organismo. Essa proteína é que vai dar a base da ação dos medicamentos que serão inventados.

Depois disso, começa a fase de testes farmacológicos, toxicológicos e de segurança; estudo de estabilidade, de biodisponibilidade e as avaliações clínicas. Todo esse processo é longo e exige altos investimentos para as companhias. A fase seguinte também é complexa e demorada. As empresas entram com pedido de aprovação no órgão regulador do Governo. Somente depois da aprovação (que pode ou não ser concedida) é que as companhias disponibilizam o produto no mercado.

Todo esse processo, segundo estudo do Tufts University – centro de pesquisa e desenvolvimento de drogas dos Estados Unidos, custa em média US$897 milhões, para inventar uma única droga.

Não podemos nos esquecer, que em média, de cada dez medicamentos lançados no mercado, apenas três cobrem seus custos. Nessa hora, cabem as indústrias farmacêuticas arcarem sozinhas com seus prejuízos. E novos e vultosos investimentos serão necessários para pesquisar um outro produto.

Temos hoje, em fase de desenvolvimento, cerca de 600 medicamentos sendo pesquisados em várias partes do mundo. A maioria é para doenças cardíacas, câncer, Aids, distúrbios mentais, Mal Alzheimer, diabetes, Mal de Parkinson, para citar apenas as que mais afetam a população mundial.

Não sabemos quantas vidas já foram salvas pelas drogas inventadas pela indústria farmacêutica, mas podemos imaginar quantas perderíamos se essas novas drogas não chegassem rapidamente ao mercado.

A expectativa de vida da população mundial, praticamente dobrou nos últimos anos 20 anos. No Brasil, a média de vida de um cidadão era de 45 anos. Hoje, já ultrapassa os 71.

Estamos falando em longevidade, saúde e qualidade de vida. Isso tem preço? E se esses medicamentos não existissem?

Podemos afirmar, sem nenhuma demagogia, que o remédio mais caro do mundo é aquele que não existe.

Citando Dom Quixote – Miguel de Cervantes – “O principio da saúde consiste no conhecimento da doença e na disposição do doente para tomar os medicamentos prescritos pelo médico”.

 

Este artigo foi escrito por:

Gabriel TannusGabriel Tannus escreveu 7 artigos em Ramadinha & Cia Treinamento.
Durante os últimos 45 anos trabalhou como Presidente, Diretor e Gerente em indústrias farmacêuticas, nacionais e multinacionais, no mercado ético, OTC e hospitalar, no Brasil e na América Latina. Trabalhou para as empresas: Astra, Johnson & Johnson, Bristol Myers, Pfizer, Merrell Lepetit (Dow), Ciba (Novartis) e Farmasa. Foi Presidente e Vice Presidente das entidades de classe do setor: Abifarma, Sindusfarma e Interfarma. Foi membro do Conselho da IFPMA (Genebra) e atualmente integra o Comsaude da FIESP.
É fundador e Vice Presidente da Pharmalatina Consulting, especializada em consultoria de gestão no setor de Saúde.
Tem formação acadêmica em Ciências Econômicas, com especialização em Marketing na Harvard Business School (Boston – USA) e Management pelo IMD (Lauzane – Suíça).

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