Não há uma só categoria profissional que não seja útil para a sociedade e para a economia de um país – de várias formas e por diversas razões. Mas neste artigo eu quero fazer uma menção muito especial a uma categoria profissional que tem seu Dia comemorado em 14 de julho e da qual sou profundo admirador: a do Propagandista viajante – seja homem ou mulher.
Há várias razões para esta admiração, mas vou citar apenas três. Uma delas é o aparentemente eterno estado de bom humor desses valorosos profissionais também chamados de “representantes”. Todo Propagandista que eu conheço – e eu conheço centenas deles porque tenho estado muito próximo do segmento farmacêutico – é alegre e bem humorado. Otimistas, têm sempre uma estória, um “causo” ou uma piada para contar. E o fazem com muito talento.
Outra característica que admiro muito nesse pessoal é a afetividade deles entre si. Quando se encontram, parecem amigos íntimos de longa data. Nessas ocasiões, costumam ser muito eloqüentes na comunicação: pode-se ouvir claramente seus alegres cumprimentos, suas vibrantes trocas de opiniões e de novidades. Alguns parecem até esquecer que trabalham em laboratórios diferentes e às vezes concorrentes.
Os Propagandistas também são muito emotivos. Parece que eles têm a emoção à flor da pele – vão às lágrimas com a mesma facilidade com que vão às gargalhadas. O que não significa que deixem de ser rigorosamente profissionais quando chega a hora de usar o racional diante do médico ou de outras situações que assim o exija.
Mas há um negócio neles que me intriga muito: como é que sendo tão alegres afetuosos e emotivos conseguem administrar com extraordinária maestria essa coisa incômoda para alguns e até assustadora para outros, chamada “solidão”?
Posso estar enganado, mas acho o Propagandista um solitário. Pelo menos aquele que viaja com freqüência – e aqui se incluem os vendedores, os caixeiros-viajantes e todos aqueles que cumprem sua jornada de trabalho atravessando nuvens e estradas.
Aqui na capital, a maioria dos profissionais, depois do seu expediente diário, regressa para sua casa, para o aconchego da mulher, do marido, dos filhos ou dos pais. O Propagandista viajante não tem esses privilégios. Sei deles que já passaram longe de casa muitas datas comemorativas e até aniversários de familiares. Alguns só conheceram o filho recém-nascido dias após a chegada dele, acredita?
Detalhe importante: nunca ouvi nenhum deles se queixar. As frases ditas acima não tinham o tom de queixa nem de ressentimento, mas de simples informação, já que foram perguntados a respeito das dificuldades da profissão. Todos os Propagandistas que conheço, amam o que fazem e são mestres em transformar o mais azedo limão numa reconfortante limonada. Para eles não tem tempo ruim. O desafio de cobrir as metas é o mais eficaz tônico revigorante e motivador.
Como disse antes, toda profissão tem suas dificuldades específicas. Não é minha intenção passar aqui a idéia de que a de Propagandista é a mais sacrificada e que seus profissionais são super-heróis. Nada disso. Eles são tão gente quanto nós. E que trabalham com a mesma dedicação e competência que nós – apenas viajam mais.
Para concluir, vai aqui um recado meu para os Propagandistas de todo o Brasil e de todos os laboratórios: vocês não estão sozinhos. Nós, aqui da capital e que não viajamos tanto, sabemos do valor, da garra e do talento de vocês. E saiba que reconhecemos e agradecemos por tudo o que vocês fazem pelas nossas empresas.
E se na solidão dos seus dias e das suas noites, alguma vez você tiver a sensação de que há alguém do seu lado, saiba que você não está enganado, ainda que não veja ninguém por perto. Também há Anjos da Guarda viajantes.
Este artigo foi escrito por:
Floriano Serra escreveu 9 artigos em Ramadinha & Cia Treinamento.
Floriano Serra é psicólogo, escritor, palestrante, facilitador de seminários comportamentais e autor de vários livros e inúmeros artigos sobre o comportamento humano pessoal e profissional. Foi diretor de RH e Qualidade de Vida da Apsen Farmacêutica, eleita na sua gestão, por 5 anos consecutivos, “uma das melhores empresas para trabalhar” de 2004 a 2008. É diretor executivo da Somma4 Gestão de Pessoas.
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