Excetuando a agressão física, poucas cenas são tão deploráveis no ambiente de trabalho como aquela em que o gestor grita com o colaborador. Não importa o motivo. Em qualquer circunstância, gritar com alguém é um recurso absolutamente desnecessário, além de grosseiro, inadequado e ineficaz para seja lá o que for que o líder pretenda conseguir com isso. No entanto, ainda hoje, em muitas relações de trabalho, pessoas continuam gritando. Por que isso acontece?
Na origem de todo grito há prepotência e exibição de poder, algo na linha de “veja quem manda aqui” ou “não discuta comigo!”. De início,esses dois conceitos possuem duas graves falhas: primeiro, o grito constante pode ser caracterizado como assédio moral e isso é legalmente passível de punição trabalhista. Em segundo lugar, nenhum funcionário irá entender melhor o que o líder deseja apenas porque ele usou o grito ao invés do tom normal de voz. Pelo contrário, há até o risco de comprometer o entendimento da mensagem pelo choque emocional causado no colaborador.
Além de tudo, o grito demonstra falta de argumentação. No esporte, diz-se “ganhar no grito”, quando o adversário não tem méritos para ganhar no jogo limpo. De resto, a autoridade de um gestor não é qualificada pelo volume de decibéis de sua voz.
O mais preocupante do grito no trabalho é que ele demonstra que a capacidade de comunicação entre os colegas está tão deteriorada que as formas educadas de diálogo já não atendem ‘as necessidades de entendimento. Isso é um mau sinal para o clima da organização e a motivação da equipe.
De resto, vale lembrar que não é o nível hierárquico nem escolaridade que dá a um líder a capacidade de se comunicar bem com os liderados. Essa capacidade é adquirida pelo sentimento de respeito ao próximo.
Ou pela consciência de que liderar é, sobretudo, servir.