No atual momento, as questões que envolvem o caráter, ao lado daquelas sobre ética, estão em destaque em todo o mundo e em todos os segmentos da sociedade. No foco do tema, estão às lideranças, sejam políticas, corporativas ou de qualquer outra natureza.
O problema é que Liderança é uma questão de caráter mais do que de estilo. Isso é o que nos diz James Hunter no seu fenômeno editorial “O Monge e o Executivo”, há mais de 400 semanas no “ranking” dos livros mais vendidos no Brasil.
Já no seu tempo, Oscar Wilde definira muito bem o problema: “Ética é o que você faz quando está todo mundo olhando. O que você faz quando não tem ninguém por perto se chama: caráter”.
Ou seja: é a consciência de cada um, e não as leis e punições, que deveria guiar a conduta dos líderes, principalmente se as consequências de suas ações podem comprometer a segurança, a saúde ou mesmo a vida de outras pessoas. Como podemos acompanhar pela imprensa, muitas fraudes, crises financeiras e tragédias resultam da irresponsabilidade, falta de comprometimento e de respeito de alguns que invadem – quase sempre impunemente – o direito dos outros.
Independente de onde atue todo líder tem uma sociedade sob seu comando. Pode chamá-la de país, cidade, departamento, fábrica, equipe, empresa, loja ou apenas grupo. Não importa. Qualquer que seja o nome ou o formato dessa sociedade há pessoas que a fazem funcionar e que dependem dela. Na verdade, é uma relação de interdependência, porque, como no caso de uma empresa, por exemplo, ela não existiria se não fossem as pessoas. Portanto, como se diz popularmente, uma mão lava a outra.
Assim, as ações e políticas que tornam vivas essas sociedades – pelo menos aquelas que pretendem ser vencedoras e saudáveis – deveriam ser regidas pelo caráter e ética dos seus lideres e, reciprocamente, dos seus liderados – principalmente quando não houver ninguém por perto.
Utopia ou não, isso deveria ocorrer sem a necessidade de auditorias, fiscalizações e controles. Estes deveriam existir e atuar apenas para apontar e corrigir falhas administrativas e operacionais – jamais falhas de ética e de caráter.
Cada vez mais se torna indispensável verificar se são as pessoas certas que estão nos lugares certos. Caso contrário, vamos ter que ficar permanentemente “de olho” nelas, exatamente como se fazem com as crianças.
Se esse for o único caminho para manter a sociedade no rumo certo, veremos se aproximar a cada dia o risco da raça humana se tornar penosamente patética.
Este artigo foi escrito por:
Floriano Serra escreveu 9 artigos em Ramadinha & Cia Treinamento.
Floriano Serra é psicólogo, escritor, palestrante, facilitador de seminários comportamentais e autor de vários livros e inúmeros artigos sobre o comportamento humano pessoal e profissional. Foi diretor de RH e Qualidade de Vida da Apsen Farmacêutica, eleita na sua gestão, por 5 anos consecutivos, “uma das melhores empresas para trabalhar” de 2004 a 2008. É diretor executivo da Somma4 Gestão de Pessoas.
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